quarta-feira, 10 de novembro de 2010

" Clock Cities "

A cidade não é um ecossistema autónomo. Ela não produz, nem energia nem a matéria de que necessita. Pelo contrário. Nenhuma cidade poderá ser « durável », mas todas podem contribuir á durabilidade.
A cidade ocupa no imaginário colectivo um espaço essencial e contraditório : foyer da modernidade. Ela tanto é lugar de partes distintas, que estão sempre a mudar, como passa a ser dotada de margens inquietantes e semelhantes.
Estas mudanças, às vezes bruscas, afectam tanto o espaço urbano bem como os numerosos grupos sociais que nela habitam, que se tentam moldar ao seu ritmo.

Rio Sena, Paris

MVRDV, projecto na Margem do Rio Sena, Paris

Durante muito tempo, a percepção da cidade aumentou com uma certa evidência: um espaço densamente construído e fortemente povoado; sempre em mutação, funções específicas, funções de comando (poder político e poder económico), de produção industrial, de trocas comerciais e intelectuais; uma Sociologia diversificada; ritmos e modos de vida específicos.
Para todos os tempos, fica uma diferença entre paisagens.
Num caso, artificiais e compostas principalmente de construções, noutro caso, naturais ou agrícolas. Paisagens com matérias, o betão e o betume opostos à terra e á vegetação dominante, compondo cores (o cinzento e o verde).
Cada tipo de espaço determina-se e justifica-se em oposição ao outro.
A cidade, hoje e sempre, continua a mudar, de um dia para o outro pode dar uma volta de 360º, passa a ser multifacetada.
No entanto, e num tempo de repensar o que se gasta ou se constrói, chega-se a alguma evidência. A obra deve continuar a ser aberta, nunca em fase terminada. Deve deixar um vazio de modo que o utilizador tenha o seu lugar para entrar e servir-se, enriquecer o espaço sem nunca estar a preenchê-lo totalmente, e transformá-lo no tempo, adequando o espaço. Hoje os lugares são personalizados, mas adquirem um tom fechado, ou seja terminado. Hoje não se pode fazer obras de “projectista”, com projectos que se assemelham uns entre outros e se fecham, tornam-se rígidos, amargos, de modo que ninguém o possa transformar.
Assim sendo não teremos outra escolha a não ser acompanharmos o evoluir de ideias e de vontades do tempo, de algum modo, manias ou taras de alguns, pensamentos e estudos de outros, dando sentido às “Clock Cities”…
Concurso Cidade Auto-Sustentável, MVRDV, Seoul, Coréia do Sul


José Costa
10-11-2010



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